10 outubro 2012

Frigorífico Rodopa é vendido por R$ 200 milhões para diretor-executivo

A captação externa de US$ 100 milhões fechada há pouco pela Rodopa, quarto maior frigorífico de bovinos do país, marcou também a mudança de controle da companhia. O Valor apurou que o diretor-executivo da Rodopa, Sérgio Longo, adquiriu o frigorífico por cerca de R$ 200 milhões, numa operação conhecida como management buyout (MBO). O montante total inclui a assunção de dívidas financeiras de R$ 160 milhões.

 Pouco usual no Brasil, o management buyout é bastante difundido na Inglaterra. A operação consiste na aquisição da empresa por parte de seus próprios diretores. No caso da Rodopa, os o principal acionista passará a ser o próprio Sérgio Longo, fundador da Selo Consultoria, empresa especializada na reestruturação de frigoríficos em recuperação judicial. Os outros diretores da Rodopa também assumem a empresa, uma vez que são sócios da Selo.

 Fundada em Limeira (SP) pela família pela família Bindilatti no ano de 1958, a Rodopa - dona da marca Tatuibi - era controlada por Paulo Bindillati, presidente do conselho de administração da companhia até o fim de setembro, quando passou o comando da companhia para o até Longo, ex-diretor-financeiro da JBS.

 O Valor apurou que a venda da empresa era um desejo de Bindillati, que não queria permanecer no negócio. Foi nesse contexto que surgiu a proposta do então diretor-executivo da Rodopa, Sérgio Longo. Para concretizar a aquisição, no entanto, executivo impôs como condição a captação externa de US$ 100 milhões em bônus. A cláusula, prevista no acordo de compra e venda, foi a maneira com que Longo encontrou para se defender do endividamento de curto prazo da empresa, que totalizava 80% da dívida total do frigorífico.

 Com a captação realizada hoje, o negócio se concretizou. Desde o ano passado, a Rodopa tentava emitir esses papéis no exterior. Os títulos, com uma taxa de juros de 12,5% ao ano, vencem em 2017. Conforme apurou o Valor, o frigorífico paulista buscava uma janela no mercado financeiro para essa captação externa desde 2011. Coordenadas pelo Standard Bank, as tratativas esfriaram no primeiro semestre deste ano por causa das incertezas da economia mundial.

 Naquele momento, a Rodopa até conseguiria realizar a captação, mas a uma taxa de juros altíssima. A companhia é considerada "high yield", ou seja, tem maior risco de crédito. O Valor apurou que empresa só aceitava emitir o título com uma taxa de juros de no máximo 12,5% ao ano, teto atingido na captação desta quarta-feira.

 Com a operação, a Rodopa pretende alongar sua dívida e elevar a participação das exportações em sua receita. No segundo trimestre deste ano, a companhia reportou uma dívida líquida de R$ 146,6 milhões, sendo 80% desse total no curto prazo. A dívida bruta da companhia é estimada em cerca de R$ 160 milhões.

 Entre janeiro e setembro, a Rodopa obteve uma receita líquida de R$ 759,2 milhões, salto de 21,1% sobre os R$ 626,791 milhões apurados no mesmo período do ano passado. Atualmente, cerca de 20% das vendas da companhia são geradas nas exportações. A empresa planeja ampliar essa fatia para 30%.

Além de alongar o perfil de sua dívida e ampliar as exportações, a captação dá fôlego para a companhia dobrar sua capacidade de abate das atuais 3 mil cabeças diárias para 6 mil cabeças. Para atingir essa capacidade, a Rodopa negocia a aquisição ou arrendamento de duas novas unidades de abate, conforme já informou o Valor.

 Em entrevista ao Valor em março, Longo contou que conheceu a Rodopa em 2010, quando prestava consultoria a frigoríficos em recuperação judicial - entre 2008 e 2009, o excesso de capacidade detonou uma crise no setor. "Era uma empresa redondinha, mas que precisava encontrar um caminho", disse à época o executivo. De lá para cá, Longo liderou o processo de profissionalização da empresa, marcadamente familiar até então. No ano passado, a receita da Rodopa alcançou R$ 860 milhões, avanço de 10,5% sobre os R$ 778,5 milhões registrados em 2010, ano em que a empresa iniciou o processo de profissionalização. A expectativa da empresa é atingir um faturamento de cerca de R$ 1 bilhão ao final neste ano. Valoronline
Fonte: uol 10/10/2012

10 outubro 2012



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