08 abril 2012

O homem que acelerou o IPO do Burger King

Em um mês, o investidor William Ackman convenceu o fundo 3G a adiantar em um ano o retorno da rede ao mercado de capitais

Enquanto os donos do Burger King planejavam trazer a rede de volta para o mercado financeiro somente no início de 2013, William Ackman, investidor e fundador da Pershing Square Capital Management, advogou, com sucesso, pela aceleração do cronograma. Na última terça-feira, o Burger King anunciou que planeja retornar à Bolsa de Nova York por meio de uma fusão com a Justice Holdings, uma "shell company" (empresa sem ativos ou atividade específica, mas que capta dinheiro no mercado de capitais americano com o objetivo de investir em um negócio do mundo real).

A decisão veio apenas um ano e meio depois que a rede de restaurantes foi comprada pela 3G Capital Management - comandada pelos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, donos da Ambev - por US$ 3,3 bilhões. Os compradores vão reter 71% das ações do Burger King mesmo depois de a empresa retornar ao mercado financeiro, o que está previsto para ocorrer nos próximos dois meses.

Em uma conferência telefônica com analistas e investidores na última quarta-feira, Ackman disse que conhece executivos da 3G, incluindo o sócio-diretor Alexandre Behring, por mais de uma década. Ele também investiu seu próprio dinheiro na empresa pouco antes da compra pelo fundo comandado pelos brasileiros.

De volta. Alguns meses atrás, o investidor perguntou a executivos da 3G sobre o interesse em tornar o Burger King uma companhia pública. Eles responderam que planejavam uma oferta de ações no primeiro trimestre do ano que vem.

Foi neste momento que Ackman apresentou ao 3G os benefícios da fusão com a Justice Holding, uma nova companhia que ele cofundou. Criada no ano passado, a Justice levantou dinheiro no mercado de capitais com o objetivo específico de comprar uma companhia de valor entre US$ 2 bilhões e US$ 10 bilhões. O fundo de hedge de Ackman, o Pershing Square, é um dos investidores na Justice.

Para Ackman, o Burger King era um alvo ideal. Em sua visão, uma oferta pública tradicional do Burger King chamaria muita atenção. Uma fusão com a Justice atingiria o mesmo objetivo de forma mais fácil e rápida. Toda a transação foi montada pelas partes ao longo do último mês.

"O processo de abrir capital pode prejudicar um negócio", disse Ackman na quarta-feira. "Vejam o fiasco da Bats", disse ele, referindo-se à operação da Bats Global Markets, uma operadora de bolsa que teve de cancelar o próprio IPO após uma falha em seu sistema.

Ackman, assim como os donos do Burger King, está focado em uma mudança radical para a empresa. Ele mencionou um plano para transformar quase todos os restaurantes da rede em franquias. A ideia é tornar o negócio em uma empresa que coleta aluguéis e remunerações, mas deixa a maior parte da tomada de decisão aos operadores locais.

Sob nova direção, diz ele, a situação da cadeia de restaurantes melhorou. O Ebitda (sigla em inglês de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu US$ 503 milhões, frente a US$ 320 milhões em 2010. As despesas gerais e administrativas caíram de US$ 356 milhões para US$ 249 milhões.

Segundo Ackman, o 3G fez a máquina do Burger King mais eficiente. Na teleconferência, ele até provocou o principal rival da rede: "O McDonald's é uma companhia enormemente inchada?", questionou ele. E respondeu em seguida: "Sim". MICHAEL J. DE LA MERCED , THE NEW YORK TIMES
Fonte:06/04/2012

08 abril 2012



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