03 abril 2012

JBS quer novas aquisições no Brasil, diz Wesley Batista

Depois de dois anos de pausa, grupo brasileiro do setor de carne busca novas aquisições ao longo de 2012

O grupo brasileiro JBS, do setor de carnes, está buscando novas aquisições no País após dois anos de pausa, na tentativa de se capitalizar em meio a uma recuperação cíclica do mercado doméstico de carne bovina, afirmou nesta terça-feira o executivo-chefe Wesley Batista, em entrevista à agência Dow Jones, em São Paulo. Batista disse que a companhia "provavelmente vai fazer algumas aquisições ao longo do ano" e que se concentrará em companhias menores.

Por trás do plano da companhia, está um cenário local lucrativo, em que os preços do gado devem cair, em decorrência do amplo rebanho brasileiro, enquanto a demanda cresce constantemente. O JBS já arrendou neste ano algumas fábricas para embalar carnes. "Vamos crescer muito por causa da expansão da capacidade", comentou Batista.

A utilização da capacidade de abate do JBS no Brasil deve crescer para 90% neste ano e ficar entre 90% e 95% entre 2013 e 2015, segundo Batista. Batista afirmou que há espaço para que a companhia eleve os preços de sua carne bovina no mercado doméstico e disse que espera, no Brasil, um aumento de mais de 20% na receita deste ano em relação a 2011.

Segundo o executivo, os empréstimos concedidos pelo BNDES ao JBS foram "uma clara demonstração de que o banco acredita no investimento". No ano passado, o BNDES converteu em ações debêntures com valor de face de R$ 3,48 bilhões, elevando sua participação no JBS de 17% para 30,4%. O JBS registrou receita de US$ 33,7 bilhões em 2011, ante US$ 1,5 bilhão em 2005, antes de iniciar uma onda de investimentos no exterior.

Batista afirmou estar "confortável" com a participação do banco estatal e não prevê uma mudança.

Câmbio

O Brasil responde por cerca de 25% das vendas globais do JBS e o mercado doméstico cresceu rapidamente nos últimos anos. Atualmente, o grupo vende cerca de dois terços da carne bovina que produz no Brasil. Em 2007, exportava dois terços. Batista atribuiu essa mudança à forte demanda doméstica e à valorização do real, que prejudica as exportações.

Ele elogiou os esforços das autoridades brasileiras para conter a apreciação da moeda e baixar as taxas de juros, opinando que o governo "está fazendo sua parte". O CEO espera um enfraquecimento modesto do real nos próximos meses, para algo entre R$ 1,85 e R$ 1,90 em relação ao dólar, ante R$ 1,83 atuais.Embora isso possa diminuir a pressão sobre exportadores brasileiros, Batista disse que "uma taxa de R$ 2 por dólar levaria a indústria brasileira a um nível competitivo".

Estados Unidos

Batista reiterou a opinião manifestada no mês passado, em conferência com investidores, de que as operações do JBS nos Estados Unidos estão melhorando. A unidade de aves da companhia, Pilgrim's Pride, que apresenta desempenho fraco desde sua aquisição, em 2009, deve registrar lucro antes de juros, impostos, depreciação de amortização (Ebitda) de 7% a 8% da receita total em 2012.

No mês passado, o JBS aumentou sua participação na Pilgrim's de 67,3% para 75,3%, exercendo direito de subscrição. Batista explicou que o grupo pretende manter essa participação.

Argentina

Ainda sobre o exterior, Batista comentou que "a falta de clareza" sobre as leis da Argentina dificultam que a companhia trabalhe no país, onde o JBS reduziu sua presença. Com a aquisição da Swift Foods na Argentina, em 2005, o grupo brasileiro se tornou a maior embaladora de carnes do país.

"Estamos melhorando. Estamos fazendo um esforço tremendo", comentou Batista. "Não queremos sair." No entanto, o executivo lamentou a tarifa de 15% aplicada pelo governo sobre as exportações. Batista reiterou que não tolerará mais prejuízos na Argentina, mas qualquer decisão será baseada nos resultados da empresa ao longo de 2012. As informações são da Dow Jones.
Fonte:iG03/04/2012

03 abril 2012



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