20 dezembro 2011

Em 2012, BM&F quer integrar AL

A integração dos mercados da América Latina está na lista de desejos de Ano Novo da BM&FBovespa. A expectativa da bolsa é de que possa consolidar em 2012 alguns dos acordos já firmados na região, em especial o que prevê um sistema de troca (roteamento) de ordens de compra e venda de ações e renda fixa entre Brasil e Chile.

"A América Latina é "core" para a gente, estamos com foco grande na região", disse o diretor-executivo de produtos e clientes da BM&FBovespa, Marcelo Maziero, que coordena os esforços internacionais da bolsa. "O sonho de consumo é que a gente tenha a América Latina, do ponto de vista financeiro, mais com cara de um mercado e não de "ene" pequenos mercados. Isso para a BM&FBovespa em termos de negócios é ótimo porque aumenta a atratividade de investidores externos para um mercado mais robusto."

O interesse estratégico está alinhado ao movimento visto em outros setores da economia. Bancos brasileiros também buscam se fortalecer na região, enquanto grandes multinacionais da própria América Latina ampliam seus negócios por diversos países.

"Temos o exemplo recente da Cencosud [grupo varejista chileno] comprando cadeia de supermercados no Brasil. Os bancos também estão interessados na região, tem o Itaú indo para Chile, Colômbia e Peru. Isso vai ser cada vez mais comum", exemplificou Maziero, lembrando que um mercado regional mais forte é essencial como fonte de financiamento para grandes conglomerados.

"O mercado fora da América Latina nos vê como América Latina. Já há décadas que o mercado financeiro se organiza por região e a novidade é que as próprias empresas latino-americanas se transformaram em empresas mais relevantes globalmente." Além do acordo com o Chile, a BM&FBovespa assinou neste ano um memorando de entendimento com a Bolsa de Valores da Colômbia e a expectativa é de que o sistema que possibilita o acesso de investidores brasileiros a essa praça e vice-versa esteja pronto também em 2012. Com outros mercados, como o do México, as conversas ainda são informais.

"A gente tem feito várias conversas bilaterais tendo em mente essa ideia de, no futuro, ter a integração plena da região. Aparentemente, tem sido melhor sucedido do que se a gente tentasse se colocar como protagonista de todo o processo", afirmou o executivo.

No momento, não há planos de fusão. "Somos conscientes do tamanho que temos e de que isso pode assustar. A gente realmente não tem planos de fazer essa integração via fusão, até porque não necessariamente haveria ganho", assegura Maziero. "Se em algum momento no futuro - não é o caso no presente - parecer razoável para alguém e para nós também fazer uma relação societária, a gente avalia, como avalia qualquer outra oportunidade de investimento."

Paralelamente, outras bolsas da região se mobilizam para ganhar robustez. Para a BM&FBovespa, as iniciativas não são concorrentes, mas sim complementares.

"A gente já tem aproximação com esses mercados bilateralmente e não vê necessidade, neste momento, de mudar isso. As conversas continuam bilateralmente", disse a diretora internacional da BM&FBovespa, Lucy Pamboukdijan.

Também na avaliação da bolsa, a conversibilidade plena do real não é pré-requisito para que a integração seja bem-sucedida. Questões culturais, dificuldades tributárias e falta de sincronia nas regulações seriam mais urgentes. Por Daniela Machad
Fonte:Valoreconômico20/12/2011

20 dezembro 2011



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