29 agosto 2011

No Rio, a classe A demanda mais hospitais

A demanda por atendimento hospitalar privado cresce à frente da oferta no Rio de Janeiro.
A cidade possui apenas dois hospitais voltados para a classe A, o Samaritano e o Pró-cardíaco. Por isso o projeto de construção de uma filial do hospital paulistano Albert Einstein vem atraindo o interesse de empresários. O plano é levantar um centro de alta complexidade, com investimento estimado em R$ 450 milhões. Mas este não é o único projeto voltado para o paciente classe A na cidade do Rio.

A Amil, dona do Samaritano e do Pró-Cardíaco, está construindo na Barra da Tijuca o Hospital das Américas e planeja abrir um espaço separado para o público de alta renda, utilizando as duas marcas, que durante anos foram referência de hospitais para a elite do Rio. Ao todo, a Amil investe R$ 240 milhões na obra, com 395 leitos.

A rede D'Or está erguendo em Copacabana um hospital para pacientes de alta renda. "Estamos investindo R$ 130 milhões para ter um atendimento 'triple' A, batizado de Copa Star", diz José Roberto Guersola, diretor de operações da rede. Apesar de o novo prédio ficar em frente ao Copa D'Or, o diretor acredita que não haverá canibalização. "É difícil tirar pacientes, porque o novo [hospital] é para um segmento muito específico".

A Unimed-Rio também está levantando um hospital novo de 210 leitos na Barra da Tijuca. Com investimento de R$ 180 milhões, Walter Cesar, superintendente geral da empresa, explica que, entre outros motivos, o grupo resolveu tocar o empreendimento em função da lotação nas alas de emergência. "Queremos garantir os leitos para nossos clientes", diz.

Os hospitais privados ficaram anos sem investir em novos leitos. Em 2005, segundo dados do IBGE, o número de leitos privados era de 10.220. Em 2009, somavam 10.567, com aumento de 3,4%. No mesmo período, o número de usuários de planos de saúde cresceu 27%, para 498.939.

Mais recentemente, a Rede D'Or e a Amil têm investido em novos hospitais, gerando a abertura de cerca de 2 mil leitos na cidade. Mas a demanda cresce mais aceleradamente. Nos últimos seis anos, até março, houve acréscimo na cidade de 972.110 novos beneficiários de planos de saúde. A expansão no número de leitos foi de 22,96%. O aumento no número de usuários de planos foi em maior, de 56%, no mesmo período.

Segundo Cesar, uma conta normalmente usada no setor de saúde é a relação de 700 leitos para cada 850 mil pessoas. Considerando que a cidade do Rio deve ter cerca de 13 mil leitos e 2,7 milhões de usuários, haveria sobra de leitos no Rio. Mas, a maioria dos usuários, principalmente os de classe média, buscam os hospitais de referência. Há vagas no subúrbio, em clínicas e pequenos hospitais, mas são poucos os clientes dos grandes planos de saúde que querem ser internados nesse tipo de estabelecimento.

A falta de terrenos na Zona Sul faz com que os novos empreendimentos estejam, a maioria, na Barra da Tijuca ou na Zona Norte do Rio. O mais novo hospital da Rede D'Or, o Norte D'Or, fica em Madureira. Mas como grande parte da população de alta renda mora em bairros como Leblon e Ipanema, a ideia é construir o Einstein na Zona Sul da cidade. O grupo de empresários que vai financiar essa operação - entre eles, Olavo Monteiro de Carvalho, Eike Batista e Armínio Fraga, além do ex-deputado Ronaldo Cesar Coelho - já conseguiu arrecadar cerca de R$ 200 milhões. O dinheiro é suficiente para fazer a obra. No valor estimado inicialmente, de R$ 450 milhões, estavam sendo considerados equipamentos, que deverão ser financiados via leasing.
No grupo, os empresários entram com cotas de R$ 6 milhões ou R$ 10 milhões e tornam-se sócios beneméritos do Einstein.

A busca por terrenos para instalar a filial do hospital paulistano já ocorre há mais de seis meses. Duas possibilidades já foram estudadas: um espaço no Jockey Club, na Lagoa Rodrigo de Freitas, e um terreno que pertence ao Banco Safra e fica na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. O terreno no Jockey não foi aprovado pelo conselho de sócios. As negociações em torno do terreno do Safra travaram e o grupo de empresários prefere que o hospital fique na Zona Sul. Como há poucos terrenos nessa região, a busca agora está em Botafogo, onde ainda é possível encontrar áreas maiores.

Uma opção é usar terrenos que pertencem ao Estado, que serviram de canteiro de obras do Metrô. Também se especula sobre a possibilidade da Amil se desfazer do prédio do Hospital Samaritano ou do Pró-Cardíaco, os dois em Botafogo.

Quando o Einstein carioca estiver funcionando, o plano é que todo o lucro seja reinvestido na operação. Sobre este novo hospital, o presidente do Einstein em São Paulo, Claudio Lottemberg, diz que até agora não há nada formalizado: "O que há são conversas de um grupo tentando viabilizar um hospital e o nosso desejo de ter um hospital em prol da comunidade carioca".
Fonte:valoreconomico29/08/2011

29 agosto 2011



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