29 junho 2011

São Martinho ganha terreno para investir.

Com a diretriz de não se endividar mais do que 3,5 vezes sua geração de caixa, a São Martinho calcula que tem condições de ampliar seus investimentos em R$ 1,3 bilhão a R$ 1,5 bilhão nos próximos naos para expandir seu negócio de açúcar e etanol no país. Com um valor de mercado de R$ 2,7 bilhões, a companhia no entanto terá no Estado de São Paulo, o berço de sua produção, o dilema de crescer sob a dependência de uma única alternativa: aquisições.

Fábio Venturelli, executivo da São Martinho, reconhece que não há mais oferta de cana para suportar o crescimento das suas duas unidades paulistas. No entanto, a questão do endividamento limitante foi superada como consequência de sua associação no ano passado com o braço de biocombustíveis da Petrobras, a PBIO.
Em seu balanço divulgado na noite de ontem, a empresa informou uma dívida líquida de R$ 487 milhões em 31 de março deste ano – ante os R$ 825 milhões na época anterior à parceria e uma relação de 2,27 vezes o Ebitda. O número significa uma relação de 0,79 vez sua geração de caixa (Ebitda), que foi de R$ 612,6 milhões no ano safra 2010/11, concluído em 31 de março passado. Essa relação, explica Venturelli, será ainda melhor ao fim deste ano quando a dívida vai atingir R$ 370 milhões, com os aportes restantes da PBIO.

Além de um aporte, a petroleira assumirá mais uma parcela da dívida da São Martinho, operação que vai totalizar neste ano R$ 121 milhões e dará à PBIO a participação já anunciada de 49% na Nova Fronteira Bioenergia – empresa criada em Goiás para produção de etanol e com uma usina em operação, a Boa Vista com moagem de 2,5 milhões de toneladas de cana.
Para este ano, o investimento da São Martinho será de R$ 180 milhões para ampliação, dos quais R$ 120 milhões aportados no projeto de cogeração de energia elétrica com bagaço de cana, operação até então não existente nas usinas da companhia em São Paulo. A meta é atingir a produção de 250 mil megawatts/hora de energia na usina São Martinho, a maior do grupo com capacidade para moer 8,5 milhões de toneladas de cana.
Outros R$ 40 milhões serão aportados em novos plantios de cana na usina goiana do grupo. Para manutenção da operação e de canaviais, a empresa prevê aplicar outros R$ 280 milhões na atual temporada, que vai até março de 2012.
Nesse contexto de baixa alavancagem, a São Martinho, assim como boa parte do setor sucroalcooleiro, passa por um momento de preços altos de açúcar e etanol e registra resultados recordes.

Neste ano safra 2010/11, encerrado em 31 de março, a São Martinho teve um lucro líquido recorde de R$ 142 milhões, ante os R$ 103 milhões da temporada anterior. No quarto trimestre da safra – de janeiro a março – o lucro da empresa foi 59,3% menor e atingiu R$ 11,9 milhões, segundo a companhia, devido a despesas recorrentes que totalizaram R$ 31,3 milhões, mas que não tiveram impacto no fluxo de caixa. Entre essas despesas destacam-se a adesão ao Refis e a reclassificação de contingências fiscais e trabalhistas.
Os preços altos de açúcar e álcool e os custos menores foram decisivos no ganho de nove pontos na margem Ebitda nos 12 meses do ano-safra que atingiu 47,3%. No quatro trimestre, esse avanço foi de sete pontos com a margem Ebitda a 46,6%. “As cotações do açúcar foram 18% maiores, e as de etanol, 14%. por outro lado, os custos caixa (custo de produtos vendidos menos depreciação) caiu 9%.”
Com os números redondos para voltar a investir, a São Martinho “mapeia” neste momento de seis a sete usinas para aquisição no Estado de São Paulo, diz Venturelli. Obviamente sem revelar nomes, o executivo afirma que a estratégia é buscar ativos fora do “circuito oficial” de fusões e aquisições do mercado. “Quando um banco vem nos procurar para oferecer uma usina, já ofertou o mesmo negócio para outros dois grupos. A concorrência já está grande”, diz o executivo. “Não ficamos sentados esperando”, diz o executivo.

Ele critica também o que considera “números inflados” das últimas fusões e aquisições no país. “Há números irreais sendo divulgados”, diz o executivo da São Martinho. Mas, mesmo com os fundamentos altistas nos próximos anos para açúcar e etanol, Venturelli acredita que haverá ativos bons a serem vendidos e que “façam sentido” para os negócios da São Martinho em São Paulo.
No Estado, a companhia busca comprar usinas que signifiquem aumento da moagem de cana de pelo menos 4 milhões a 5 milhões de toneladas, o que significará elevar a capacidade paulista atual para 16,5 milhões a R$ 17 milhões de toneladas. “Teremos que fazer mais 13 milhões de toneladas na Nova Fronteira, em Goiás, para atingir nossa meta até 2020″, diz Venturelli.
Fonte: Valor Econômico29/06/2011

29 junho 2011



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