29 dezembro 2008

Retrospectiva versus expectativas

Pensando sobre a retrospectiva de 2008, fui rever as expectativas no final do ano passado e suas projeções. Na maioria eram muito otimistas, sobretudo para o Índice Bovespa e o fluxo de recursos externos. Como decorrência, as expectativas quanto ao número de empresas que fariam IPO eram significativas. E os montantes de operações de fusões e aquisições acompanhavam esse clima.

Passado um ano o cenário reflete o agravamento da crise financeira mundial, cujo epicentro é os Estados Unidos. As 323 empresas brasileiras de capital aberto perderam em 2008, perto de R$ 900 bilhões, ou 41,5% de seu valor do final de 2007. O valor de mercado dessas empresas era cerca dede R$ 2,1 trilhões ao final de 2007 e caiu para R$ 1,2 trilhão. As duas maiores empresas na Bolsa também tiveram perdas expressivas. Petrobras teve seu valor reduzido 48,7% e a Vale 49,6% em relação ao final de 2007. O número de novos IPO’s foi inexpressivo.

O valor das operações de fusões e aquisições (M&A) no mundo alcançou este ano o nível mais baixo desde 2005, com queda de 31%. A redução do valor nos EUA terá chegado aos 36%, enquanto a Europa os montantes caírem 29%. Apenas a China com 5% e o Brasil com crescimento de 93% registraram aumentos significativos no valor das operações comparativamente a 2007, de acordo com a Thomson Reuters.

Desta vez as expectativas para 2009 são bem mais conservadoras para o Brasil, com crescimento modesto, e mais pessimista para o mundo, pois as noticias são de recessão.

E as previsões em relação às operações de fusões e aquisições são promissoras, pois o mercado vai continuar suas ações de consolidação, tanto em função da busca de maior competitividade – escala e escopo, como em relação às restrições de crédito – mais pela escassez do que pelo seu custo. Obviamente, serão aquisições onde prevalecerá o viés do oportunismo e o preço refletirá de forma significativa esta conjuntura.

29 dezembro 2008



26 dezembro 2008

M&A 2008 pazos maiores e múltiplos menores

O ano de 2008 foi um ano de longa espera nos processos de aquisições no setor de Tecnologia da Informação.

Esta demora, por conta das incertezas da crise internacional, refletiu não só na queda do número de operações realizadas como também nos múltiplos que serviram de referenciais para o valor da empresa.

Exemplo é a recente noticia de aquisição da CMNet pela Bematech.
Segundo o comunicado da empresa em 21/12/08, o período de namoro levou cerca de dois anos e as negociações esbarraram em preço e nas condições de pagamento. A crise e a desaceleração da economia vieram contribuir para as partes encontrar o entendimento. Pela aquisição de 51% da CMNet a Bematech pagará R$ 28 milhões. O valor de referência do contrato baseia-se num múltiplo de 3,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações (ebitda/lajida) mais prêmio de 10% - inferior à média de 5 vezes que a empresa pagou em suas aquisições anteriores.

Está previsto opção de compra que poderá ser exercida entre janeiro e dezembro /2011, através da qual a Bematech adquirirá os restantes 49% do capital, contra o pagamento aos acionistas remanescentes da quantia de R$ 70 milhões, corrigidos pelo IPCA. Há, também, a previsão de uma opção de venda aos acionistas remanescentes, que poderá ser exercida entre janeiro e dezembro/2012, para alienação à Companhia dos 49% restante do capital social da CMNET por eles detidas, contra o pagamento aos acionistas remanescentes da quantia de R$ 50 milhões, corrigidos pelo IPCA.

Vale mencionar que a CMNet tem uma forte geração de caixa (margem Ebitda acima de 32%), com crescimento de cerca de 15% nos últimos anos e a receita recorrente de cerca de 75% da Receita Líquida total da empresa . No processo de integração da CMNet com a Bematech os quadros técnico e operacional permanecerão inalterados e a empresa manterá suas atividades correntes buscando sinergias comerciais e operacionais, como por exemplo: unificação dos escritórios, custos de telecomunicações, Data Center dentre outros. Quanto às sinergias comerciais, a aquisição proporcionará a Bematech oportunidade de prestar serviços de TI e soluções de hardware para os seus clientes atuais e futuros.

Racional para a Aquisição. A aquisição contribuirá para: i) Entrar no segmento de software para hotéis e sistemas de reservas, consolidando desta maneira sua atuação no segmento de hospitality; ii) desenvolver novos mercados na América do Sul e Latina considerando que a CMNet já atua em alguns destes mercados e tem grande potencial; iii) aumentar a oferta de soluções completas na medida que os produtos da CMNet , juntamente com a oferta de hardware e serviços da Bematech, compõem uma oferta tecnológica completa para o mercado hospitality (segmento do comércio que engloba hotéis, restaurantes, bares e similares); iv) aumentar a plataforma de software Bematech e a parcela de receita vinda deste, bem como a parcela recorrente da receita.

26 dezembro 2008



04 dezembro 2008

Quando comprar empresas?

Ao longo dos intensos sobressaltos econômicos dos últimos meses operações de Fusões & Aquisições continuam acontecendo, até por que boa parte delas se iniciou no 1º sem/08.

Obviamente, os vetores principais que estão determinando não são mais o clima de euforia do crescimento, mas avaliações mais severas e com a preocupação quanto ao aumento menos otimista do faturamento, corte de custos e diminuição da rentabilidade. E a incógnita sobre o que irá acontecer com a fidelização dos clientes.

Logo após o famoso período de festas no Brasil, Natal & Carnaval, número relevante de empresas com dinheiro no caixa e necessidade de manter o ritmo de crescimento, seja por necessidade de escala, seja por ampliação de escopo, deverá retornar ao mercado de M&A, para avaliar oportunidades promissoras que surgirão por conta da tormenta econômico-financeira.

O fechamento da maioria destas operações ocorrerá otimistamente falando no 2º semestre/09, quando então, segundo as expectativas do mercado, o cenário deverá ser mais promissor.

E a janela para o aproveitamento destas aquisições estratégicas e, sobretudo, as oportunistas estará no inicio de seu “momentum” de mudança de patamar de preço e múltiplos praticados.

04 dezembro 2008